quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A vida dos outros e a minha.

Um amigo foi assistir A Vida dos Outros (Das Leben der Anderen, Alemanha, 2006), filme escrito e dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck — aliás este foi seu primeiro filme — e me disse que eu deveria escrever algo sobre o mesmo. Inicialmente a idéia não me entusiasmou, pois o filme já é “velho” e muito já se falou sobre ele — foi o ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2007. Mas, como ainda está em cartaz aqui em São Paulo (Cine Reserva Cultural de Cinema, 3) e esse meu amigo é um dos poucos a ler este blog, fica aqui a dica para os que ainda não assistiram, realmente vale a pena.
Pra dizer a verdade esse é o tipo de filme que me deixa inquieto. Assisto, gosto, mas saio do cinema um tanto amargurado. Isso também me acontece com outros filmes como Adeus Lênin (Good bye, Lenin!; Alemanha, 2003. Dir.: Wolfgang Becker), Terra e Liberdade (Land and Freedom; Itália, Espanha, Reino Unido e Alemanha, 1996. Dir.: Ken Loach) e, até mesmo, o fádico O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno; México, Espanha, EUA, 2006. Dir.: Guillermo del Toro).
De uma forma ou de outra e apesar de não ser a intenção dos roteiristas (ao menos acho que não é) esses filmes me deixam com um gosto de derrota na boca. Explico...
Tanto A Vida dos Outros como Adeus Lênin se passam na ex-Alemanha Oriental um dos países do leste europeu cujos regimes deveriam ter sido baseados em igualdade de condições para todos, democracia plena, a impossibilidade da exploração do homem pelo homem etc, mas nunca o foram... muito pelo contrário, na origem, quase todos eles já eram estados totalitários. Então, vem o sentimento de derrota.
Em Terra e Liberdade e O Labirinto do Fauno o caminho é quase o mesmo, talvez mais agravado, pois as histórias se desenvolvem na Espanha revolucionária (apoiada por alguns milhares de voluntários internacionais) em guerra civil contra Franco (este apoiado por Hitler e Mussolini). Como já conheço o fim dessa outra história, também me vem à tona o sentimento de derrota.
Acho que o cinema não deveria ser visto sobre essa ótica, mas realmente não consigo deixar de pensar no que foi e no que deveria ter sido, mesmo nas fábulas.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bem.
b.