sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

A nova farda do Condor

Apesar da pouca repercussão dada pela nossa grande imprença (o “ç” é proposital, usarei “s” apenas quando me referir àquela minimamente séria) um fato, ocorrido no começo desta semana, deveria servir de exemplo para os que vivem bradando à favor da “consolidação do processo democrático”. No dia 17 de dezembro foi preso pela Interpol, em Montevidéu, no Uruguai, o Tenente-General (r) Gregório “Goyo” Alvarez, último “presidente” da ditadura que se abateu sobre esse país de 1973 a 1985.
Em 1978, como parte de uma das ações da Operação Condor (ações de “contra-subversão” realizadas em conjunto pelos serviços de inteligência das ditaduras do Cone Sul nas décadas de 70 e 80) uma série de vôos clandestinos partiram da Argen
tina com destino ao Uruguai levando dezenas de prisioneiros de organizações de esquerda que haviam sido capturados e/ou seqüestrados pelos órgãos de repressão daquele país. No Uruguai a maioria dos prisioneiros acabou sendo torturada e/ou “desaparecida”.
Apesar da existência de uma lei de anistia (ley de caducidad) aprovada através de plebiscito no final dos anos 80, o ex-ditador não pode escapar de uma acusação de “desaparecimento forçado” de cidadãos uruguaios. O desaparecimento forçado foi excluído da lei de anistia há dois anos, através da publicação de uma nova lei.
A “consolidação do processo democrático” nos países da AL que sofreram com ditaduras depende mais da pressão das organizações que lutam pelos direitos humanos (como às de familiares de desaparecidos) e dos movimentos sociais, do que da boa vontade dos governos e políticos nacionais. Este pode ser um bom exemplo a ser seguido... a imagem diz tudo.




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