Lá pelo final dos anos 80 e início dos 90 do século passado caiu o Muro de Berlim. Verdadeira "maravilha arquitetônica" a coroar a imbecilidade da burocracia Soviética e de seus asseclas. O fim daqueles Estados, deve-se mais a estupidez e brutalidade de seus dirigentes, do que à habilidade do ocidente em derrubá-lo.
Mas como já diria Hagar, o Horrível: "Não basta derrotar seu inimigo, é preciso humilhá-lo!" E, apesar de não serem os artífices da debacle soviética, os neo-liberais espalhados pelo mundo não demoraram em anunciar o "Fim das ideologias", "A morte do socialismo", "A vitória da democracia ocidental" e por aí vai...
Quase 20 anos depois, bastou um mês de crise nas bolsas para demonstrar que os vitoriosos não estavam com essa bola toda...
O que virá a seguir? Sinceramente não sei, mas ver o governo do Estados Unidos tornando-se acionista de bancos privados para salvá-los da bancarrota é deveras engraçado!
Abaixo reproduzo um trecho de "O Capital" (Capítulo 30, Vol. 3), escrito por Karl Marx, em meados do século XIX. Faça um exercício ao lê-lo: tente abstrair a data em que foi escrito e faça de conta que foi ontem... Pense no resultado.
"Em um sistema de produção em que toda a trama do processo de reprodução repousa sobre o crédito, quando este cessa repentinamente e somente se admitem pagamentos em dinheiro, tem que produzir-se imediatamente uma crise, uma demanda forte e atropelada de meios de pagamento.
Por isso, à primeira vista, a crise aparece como uma simples crise de crédito e de dinheiro líquido. E, em realidade, trata-se somente da conversão de letras de câmbio em dinheiro. Mas essas letras representam, em sua maioria, compras e vendas reais, as quais, ao sentirem a necessidade de expandir-se amplamente, acabam servindo de base a toda a crise.
Mas, ao lado disto, há uma massa enorme dessas letras que só representam negócios de especulação, que agora se desnudam e explodem como bolhas de sabão, ademais, especulações sobre capitais alheios, mas fracassadas; finalmente, capitais-mercadorias desvalorizados ou até encalhados, ou um refluxo de capital já irrealizável. E todo esse sistema artificial de extensão violenta do processo de reprodução não pode corrigir-se, naturalmente. O Banco da Inglaterra, por exemplo, entregue aos especuladores, com seus bônus, o capital que lhes falta, impede que comprem todas as mercadorias desvalorizadas por seus antigos valores nominais.
No mais, aqui tudo aparece invertido, pois num mundo feito de papel não se revelam nunca o preço real e seus fatores, mas sim somente barras, dinheiro metálico, bônus bancários, letras de câmbio, títulos e valores.
E esta inversão se manifesta em todos os lugares onde se condensa o negócio de dinheiro do país, como ocorre em Londres; todo o processo aparece como inexplicável, menos nos locais mesmo da produção."
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
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